A marca britânica de motocicletas Triumph é uma das
mais tradicionais no mundo das duas rodas. A empresa, que comemorou seu
centenário em 2002, tem atividades em outros 12 países – Estados Unidos,
Inglaterra, Austrália, Itália, Alemanha, Japão, Suíça, Suécia, França, Bélgica,
Holanda e Japão – e comercializa cerca de 36 mil unidades por ano.
Apesar de ter celebrado 100 anos em 2002, a Triumph é mais
antiga. A marca nasceu na última década do Século 19, após a ida do alemão
Siegfried Bettmann para a Inglaterra. O empresário, que até então
comercializava máquinas de costura, ficou impressionado com o aumento da frota
de bicicletas naquele país e resolveu entrar no novo negócio. Bettmann deu o
nome de Triumph às bicicletas que vendia, por ser um nome de fácil assimilação
em toda a Europa.
A primeira motocicleta saiu da linha de montagem da
Triumph, em Conventry (Inglaterra), no ano de 1902 – data de partida para a
contagem do centenário - e recebeu a nomenclatura de “N°1”. O veículo de
duas rodas nada mais era que uma bicicleta com estrutura reforçada, equipada
com um motor de combustão interna do fabricante belga Minerva, com 2,25 hp de
potência, que ficava alocado na parte dianteira do quadro.
A Triumph ganhou popularidade rapidamente por um
motivo: em pleno
Fordismo , enquanto os engenheiros de outros fabricantes se
preocupavam com a produção em larga escala, Mauritz Schulte, que era
responsável pela engenharia da marca, procurava aprimorar e desenvolver novos
mecanismos para as motocicletas. Essa política, em poucos anos, possibilitou o
lançamento de outros modelos de excelente qualidade e tecnologias modernas para
a época, como a partida a pedal.
Durante a 1ª Guerra Mundial, o governo da Inglaterra
designou à Triumph a missão de equipar o exército britânico. As motocicletas da
marca eram utilizadas para levar os soldados ao fronte de batalha.
O último acontecimento relevante nos anos 10 foi o
rompimento entre Schulte e Bettmann, que ocorreu porque o fundador da marca
queria diversificar a gama de produtos e acelerar o ritmo da linha de produção,
algo que ia contra os princípios do engenheiro. Nesse período de sua história,
a Triumph passou a fabricar até mesmo automóveis, o que dividiu a empresa em Triumph Motor Co.
(automóveis) e Triumph Cycle Co. (duas rodas).
Devido à Grande Depressão, os anos 20 foram muito
difíceis para a Triumph. Por esse motivo, a marca começou a produzir
motocicletas “populares”, como a Modelo P, que tinha 494 cilindradas e custava
apenas 42 libras .
Foram comercializadas 20 mil unidades desse modelo. Só como comparação, a Type
SD, top de linha da marca, saía na época por 83 libras .
Em 1937, sob o comando de Jack Sangster, a divisão de
motocicletas lançou um modelo que se tornaria um ícone anos depois: a Speed
Twin, conhecida também como Tiger 100. Esta motocicleta atingia 160 km/h , fato que a
Honda, por exemplo, só iria conseguir em 1969, com a CB 750.
A 2ª Guerra e a entrada nos EUA
Na noite de 14 de novembro de 1940, em plena 2ª
Guerra Mundial, a fábrica da Triumph, em Conventry, foi completamente destruída
por um bombardeio do exército nazista e, provisoriamente, as motocicletas
passaram a ser montadas na cidade de Warwik (Inglaterra). Uma nova planta, em
Meriden (no centro da Inglaterra), foi construída rapidamente e inaugurada em
1942.
Os anos 40 também marcaram a entrada da Triumph nos
Estados Unidos, algo que ocorreu após os norte-americanos terem se
impressionado com o desempenho da Speed Twin (T100).
Nasce a mítica Bonneville
Em 1954, o piloto Johnny Allen bateu o recorde de velocidade em uma
motocicleta. A bordo do protótipo de uma T110, de 649 cilindradas, ele atingiu
O início da década de 60 foi fabulosa para o segmento
de motocicletas em geral e, especialmente para a Triumph, que havia encontrado
uma fórmula vitoriosa. A Bonneville fez sucesso tanto na Inglaterra quanto nos
Estados Unidos. A marca também venceu as principais competições esportivas, com
os modelos TT e Daytona.
Mas, com o advento dos fabricantes japoneses, a
Triumph perdeu mercado e, no final dos anos 60 e início da década de 70, a empresa acumulou
prejuízos de 13 milhões de libras. Com a intervenção do governo britânico, uma
nova companhia foi formada em 1973: a Norton-Villiers-Triumph. Neste período,
ficou decidido que a produção seria transferida para Birmingham. Em protesto,
os colaboradores da fábrica de Meriden entraram em greve e assim permaneceram
por quase dois anos. Eles só voltaram às atividades em 1975, quando produziram
a Bonneville 750 cc para o mercado norte-americano.
O fim e um novo começo
A fábrica de Meriden foi fechada no início de 1983.
Mas o que parecia ser o fim da Triumph era, na verdade, o começo de um tempo de
vitórias. O milionário John Bloor comprou o nome e fundou uma nova empresa
privada: a Triumph Motorcycles Ltd.. A partir de 1985, a fabricante de peças
Racing Spares, sob licença de Bloor, produziu a Bonneville USA, com o intuito
de manter a marca em atividade.
Mas um novo plano estava sendo elaborado e, em 1990,
surge uma nova Triumph, que apresentou motocicletas com motores de última
geração, de três e quatro cilindros, dotados de toda a tecnologia desenvolvida
pelos japoneses, mas com o estilo e a elegância da Europa.
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